domingo, 7 de julho de 2013

Preparação: Planejamento financeiro é a 1ª prova a ser gabaritada, aconselha especialista



Rodrigo Armstrong: é preciso planejar os estudos, também do ponto de vista financeiro
A cada ano, tornar-se servidor público passa a ser o sonho de um número maior de brasileiros. Os motivos são diversos e incontestáveis: bons salários, estabilidade, possibilidade de crescimento, ou simplesmente a fuga da instabilidade de empresas privadas. Mas, chegar a este objetivo, como quase tudo na vida, tem um preço. E, em algumas das vezes, este é um valor relativamente alto. Por isso, os concurseiros precisam se planejar, programar os gastos para o período de preparação. A primeira prova a ser gabaritada pelo candidato é definir se pode arcar com os custos deste projeto de carreira. Não dá para correr o risco de precisar interromper os estudos no meio da caminho - devido à falta de recursos financeiros. Ou seja, ser vítima de uma frustração não pelo mau desempenho nas provas - e sim por pura falta de planejamento.
Para alguns concursos, o custo é tão alto que é necessário arrumar formas de conciliar os estudos e as finanças. É o caso do professor de Inglês, Rodrigo Armstrong, que pretende ser diplomata (leia matéria sobre este concurso AQUI). "Comecei a dar aulas para ajudar no custo. Eu fiz minha graduação nos Estados Unidos - ganhei uma bolsa de estudos e fui para lá com 17 anos, me formando em Relações Internacionais. Quando estava de volta ao Brasil, iniciando minha preparação no Rio, vi que meu planejamento não tinha sido bem feito e que eu precisava complementar minha renda. Meus pais, na época, não podiam me ajudar muito. Então, dar aulas me pareceu uma ótima opção. O Instituto de Desenvolvimento e Estudos de Governo, onde eu estudava, me convidou para fazer alguns testes, e acabei sendo contratado. Dada minha formação e o fato de que conheço bem as provas do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD), deu certo. Gosto muito de dar aula", diz.
Para o professor, alguns fatores devem ser levados em conta quando se escolhe a carreira pública. "Acho que o principal a se levar em consideração é que estudar para um concurso é algo difícil e concorrido. O que demanda sacrifício e dedicação. Isso afeta tanto o lado financeiro quanto o emocional, o que significa que quase todos os aspectos de sua vida, inclusive de sua vida pessoal, serão impactados por essa escolha. Gostar de estudar o conteúdo e ter vocação para a carreira, portanto, é fundamental para conseguir passar pelos momentos difíceis do processo", diz.

A preparação para o CACD costuma exigir elevados investimentos. São muitos livros, cursos. Para o concurseiro Philippe Raposo, é preciso saber ponderar os gastos. "Não adianta comprar todos os livros e fazer todos os cursos de uma só vez. É importante ponderar os custos de preparação periodicamente, evitando, assim, eventuais apertos que desestabilizem o estudo. Desde que comecei minha preparação eu trabalho e estudo. Se, por um lado, o tempo fica mais escasso, por outro lado se torna mais fácil financiar a preparação. Posso alocar meus recursos de modo conveniente. Conheço pessoas que não trabalham diariamente, mas que financiam a preparação ministrando aulas particulares ou estagiando em cursos preparatórios. Outros simplesmente são financiados pelos pais. Cada pessoa tem a sua história pra contar", comenta.

O que vale mesmo para todos é que esse plano de voo financeiro deve ser traçado previamente. Afinal, preocupações sobre como pagar as contas geram estresse e preocupação. E, pior do que isso, naturalmente tiram o foco do candidato sobre a questão principal: os estudos. Phillipe se prepara há um ano e meio para a carreira diplomática. Durante esse período já teve um grande gasto. "Com uma média de gastos mensais em torno de R$1.500,00 (cursos, livros, material, etc.), estimo que gastei, até hoje, por volta de R$30 mil. Conheço pessoas que foram aprovadas gastando bem menos, e outros que, gastando mais, ainda não foram aprovados", declara ele, para quem, ao menos no sentido figurado, conquistar a sonhada vaga no serviço público é uma conquista que 'não tem preço'.

Segundo o economista Antonio de Julio, dispor de uma reserva financeira é uma cautela importante. "Quando o candidato começa a se preparar para a carreira pública, deve estimar o quanto isso irá custar, economizar em diversos setores da sua vida. Gastar apenas o que for necessário e investir seriamente em sua preparação", diz. Ter uma tranquilidade nas finanças pode ser muito importante na hora de obter o resultado positivo. É o que afirma o especialista Altemir Farinhas. "É complicado o candidato se concentrar tendo contas em atraso, com pouco dinheiro para inscrição. Por isso, é importante ter o equilíbrio no orçamento". Philippe Raposo concorda. "O equilíbrio é indispensável, sobretudo quando o assunto é dinheiro".

Thiago Silva estuda para concursos de Tribunais. E reclama do alto custo da vida de concurseiro. "Os gastos são muitos: livros, cursos, inscrição. Além do transporte, alimentação. A vida de quem se prepara para o serviço público é bastante complicada. As taxas de inscrição deveriam ser mais baratas - isso já facilitaria um pouco" comenta. Para Thiago, a regulamentação dos concursos poderia ser um fator para mudar algumas regras do setor, em favor dos candidatos. "Noto ainda uma falta de respeito por parte de alguns órgãos. Como o pequeno tempo entre a divulgação do edital e a prova, o valor das taxas, e a abertura de seleções apenas para cadastro de reserva. Temos um custo muito alto de preparação, não podemos ser alvos de atos como esses. Precisamos de leis mais claras", diz.

Um dos editais mais esperados dos últimos anos foi divulgado no início do mês de junho: o da Polícia Rodoviária Federal (leia reportagem completa AQUI). A taxa de inscrição é no valor de R$150, e foi um dos grandes alvos de reclamação dos concurseiros. Além do pequeno tempo para preparação. A FOLHA DIRIGIDA Online fez uma pesquisa do custo médio que os candidatos terão para a realização da seleção. Faltando menos de dois meses para a prova, os principais cursos preparatórios do mercado oferecem preparação intensiva para a seleção. O custo médio pelo pacote completo fica em R$1.600. Além disso, haverá gastos com materiais de estudos, alimentação, transporte, taxa de inscrição. Faltando menos de dois meses para a prova, o candidato terá um gasto de mais de R$2.200.

Outro edital muito esperado é o da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que deverá ser divulgado nos próximos meses. O custo com cursos fica em torno de R$700 - além dos outros gastos comuns nesta fase de preparação. O professor Rodrigo Armstrong deixa um recado para quem pretende entrar para o mundo dos concursos. "Ter independência - isto é, ter as contas equilibradas - dá uma enorme tranquilidade, o que permite ao candidato focar nos estudos e melhorar o desempenho nas provas. Eu conheço bem esse tema, uma vez que eu e muitos dos meus colegas já passamos por esses dilemas. Por isso, reforço a importância de se planejar também no aspecto financeiro", finaliza.
Fonte: Folha Dirigida

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